Pneu Mais Macio da F1: Mudanças Significativas Previstas para 2026 pela Pirelli
A Pirelli está se preparando para introduzir mudanças substanciais no composto de pneu mais macio da Fórmula 1, o C6, a partir de 2026. Este ano, o C6, projetado para agitar as estratégias em circuitos de rua de baixa energia, aparecerá apenas mais uma vez em Baku, após ter sido utilizado em Ímola, Mônaco e Montreal.
Uma das decisões mais notáveis é a exclusão do C6 em dois circuitos de rua: Singapura e Las Vegas. A ausência em Singapura já era esperada devido à natureza agressiva da pista para os pneus. Contudo, a decisão de não levar o C6 para Las Vegas, um local com condições geralmente mais frias, gerou questionamentos.
A Pirelli analisou os dados coletados das três corridas em que o C6 foi utilizado. "Para Vegas, decidimos manter a mesma alocação do ano passado [C3-C4-C5]", afirmou Simone Berra, engenheiro-chefe da Pirelli. "A ideia inicial era trazer o C6, mas após analisar a primeira parte da temporada, onde utilizamos o C6, acreditamos que o C6 pode sofrer mais com o graining em Vegas. Não traria nenhum interesse adicional à corrida, pois já seria uma corrida de uma ou duas paradas. Se a pista estivesse em condições mais adequadas em termos de nível de aderência - mas sabemos que há muita areia, poeira, etc. - e se gerasse menos graining, então o C6 poderia funcionar bem porque as temperaturas são baixas e a faixa de trabalho do C6 se encaixa nisso. Mas o ponto é que não há razão para arriscar uma taxa de desgaste muito alta no C6 ou gerar um alto nível de graining."
Mudanças de Composto para 2026
A Pirelli está desenvolvendo novos pneus para os carros de 2026, que apresentarão uma redução na largura dos pneus dianteiros em 25 mm e dos traseiros em 30 mm em comparação com os compostos atuais. O composto C6 em particular, para 2026, deverá ser significativamente diferente do atual. O C6 deste ano tem se mostrado desafiador para extrair o pico de performance em uma única volta, levando algumas equipes a optarem pelo composto C5, mais duro, para as voltas de qualificação cruciais.
"Estamos trabalhando para ter um C6 na gama novamente [para 2026]", acrescentou Berra. "O ponto é que não queremos ter um C6 como este ano, onde é difícil extrair o pico de aderência, etc. A ideia é ter um delta de tempo de volta adequado [entre o C5 e o C6] e um pneu mais fácil de gerenciar em voltas de performance, mas ainda assim pneus bons para circuitos de baixa energia. Com certeza, se validarmos um composto C6, o C6 será o melhor candidato para Mônaco."
Pulos de Composto Retornam para Estratégia
Assim como fez no Grande Prêmio da Bélgica, a Pirelli pulará um composto de pneu para Austin (C1-C3-C4) e Cidade do México (C2-C4-C5), criando um degrau entre as opções de pneu duro e médio. Isso visa introduzir mais variedade estratégica.
O experimento da Pirelli em Spa proporcionou um contraste interessante entre os pilotos da McLaren. Lando Norris, que terminou em segundo, optou pelos pneus duros (C1) na tentativa de alcançar seu companheiro de equipe, Oscar Piastri, que liderava com os pneus médios (C3). No final, o graining em Spa, que teve seu asfalto renovado, foi muito menor do que a Pirelli antecipou, e o C1 performou melhor que o esperado. Além disso, a chuva no início da corrida dificultou a extração de conclusões sobre o sucesso da estratégia.
"É difícil tirar uma conclusão de Spa, onde tivemos o clima que não ajudou em nada", explicou Mario Isola, da Pirelli. "Mas acredito que a ideia foi boa, e é por isso que decidimos ter a mesma abordagem para o Texas e o México - onde pulamos um composto entre o duro e o médio. Basicamente, o objetivo é sempre o mesmo: ter variação nas estratégias e fazer com que as equipes planejem uma ou duas paradas, com diferentes abordagens para a corrida. Fizemos algumas simulações e acreditamos que criar uma lacuna maior entre o duro e o médio significa que, se uma equipe quiser usar o duro e mirar uma corrida de uma parada, ela será penalizada por um pneu mais lento. Por outro lado, se uma equipe quiser ser agressiva, o que significa mudar para uma estratégia de duas paradas, nesse momento ela poderá usar os médios e os macios, que são mais rápidos. Essa é a abordagem. Para o México e Austin, acreditamos que podemos tentar essa solução novamente."
A escolha de Austin e Cidade do México se deve às simulações que indicam que a estratégia de duas paradas é ligeiramente mais rápida. "Normalmente, se uma estratégia de uma parada e uma de duas paradas forem muito próximas em tempo total de corrida, as equipes escolhem uma parada. Elas não querem arriscar uma parada adicional, tráfego ou um erro durante a parada. Então, elas se movem naturalmente para uma corrida de uma parada. No México e no Texas, temos simulações que nos dizem que a estratégia de duas paradas é alguns segundos mais rápida."
Em outras corridas, a Pirelli também decidiu alterar a alocação: indo mais macio em Baku e Zandvoort, e um passo mais duro no Brasil, onde no ano passado o C5 não foi utilizado. "O objetivo é ter os três compostos adequados para a corrida, não apenas dois de três. Com o Brasil, queremos recuar um passo."